Tendinite Patelar

“Joelho do saltador”

A Tendinite Patelar, também conhecida como “joelho do saltador”, do inglês "Jumper's Knee", é uma patologia do tendão patelar normalmente relacionada às atividades esportivas que demandam saltos e desacelerações bruscas, como o vôlei, basquete, atletismo e futebol.

Se não tratada adequadamente, pode se tornar crônica e diminuir consideravelmente o rendimento do atleta. Em casos extrem-os, o joelho pode até ser completamente rompido (como aconteceu com o jogador Ronaldo).

O joelho do saltador normalmente afeta a fixação do tendão patelar do polo inferior da patela, devido ao mecanismo de cisalhamento que ocorre durante a desaceleração no esporte.

A tendinite patelar é uma das doenças do joelho mais comuns que afetam atletas. Ocorre em até 20% dos atletas que praticam salto.

Dr. Marcelo Tostes
Dr. Marcelo Tostes
  
Dr. Marcelo Tostes
Qual é a origem desta doença?

Acredita-se que a patologia do tendão patelar seja causada por esforços repetitivo sobre o tendão patelar durante o salto, mas principalmente durante a desaceleração, quando o atleta retorna ao solo. É uma lesão específica para atletas, principalmente aqueles que participam de esportes envolvidos na desaceleração, como vôlei, basquete, handebol, corrida de rua e futebol.

Fatores predisponentes incluem maior peso corporal, genu varo e geno valgo, um ângulo Q do joelho aumentado, patela alta, diferença no comprimento do membro, encurtamento das cadeias musculares, principalmente da posterior (isquiotibiais), desequilíbrio muscular e alteração do tipo de pisada.

Fatores ligados ao treino incluem falta de preparo físico direcionado ao esporte, técnica inadequada e aumento importante da intensidade e frequência da prática do esporte (Overtraining).

Nos esportes que envolvem as articulações dos membros inferiores, o joelho é a principal articulação envolvida na absorção e transmissão da energia cinética gerada pelo contato do pé ao solo e transmissão do movimento aos demais seguimentos do corpo. Isto se deve a dois mecanismos básicos: a chamada contração muscular excêntrica, em que a fibra muscular contrai e é alongada, resistindo ao movimento sob tensão, e a concêntrica.

Em uma corrida, por exemplo, a força de reação ao solo, que chega a ser quatro vezes o peso do indivíduo é absorvida pela flexão do joelho, entre 50 e 60 graus, e pela resistência do quadríceps, ou músculo anterior da coxa, e o restante é dissipado pelo quadril e coluna vertebral. A doença ocorre da perda deste equilíbrio. De uma certa maneira, o quadríceps deixaria de absorver toda a energia cinética e o tendão patelar, sobrecarregado, sofreria micro-ruptura e degeneração em sua região de inserção na patela.

Quais são os sintomas?

Os pacientes referem dor na região anterior do joelho, que muitas vezes piora após as atividades físicas que provocam a patologia. Normalmente, o envolvimento é infrapatelar ou perto do polo inferior da patela (parte de baixo da patela). Dependendo da duração dos sintomas, a tendinite patelar pode ser classificados em 1 de 4 fases, segundo Blazina:

Fase 1 – Dor apenas após a atividade, sem prejuízo funcional.
Fase 2 – Dor durante e após a atividade, embora o paciente ainda é capaz de executar satisfatoriamente em seu esporte.
Fase 3 – Prolongada durante e após a atividade, com a dificuldade crescente na realização de um nível satisfatório.
Fase 4 – Ruptura completa do tendão exigindo reparação cirúrgica.

O exame físico pode revelar os seguintes achados:

- Ponto de dor no polo inferior da patela, o polo superior da patela, ou tuberosidade tibial;
- Encurtamento dos Isquiotibiais e quadríceps;
- Estabilidade ligamentar normal do joelho;
- Derrame intra-articular do joelho (raro).

Exames de imagem A Ultrassonografia e ressonância magnética são altamente sensíveis para a detecção de anomalias do tendão em ambos os atletas sintomáticos e assintomáticos. Portanto, um número significativo de resultados falso-positivos pode ocorrer se o médico não realizar a correlação clínico-radiográfica. As radiografias também são de extrema importância já que podem nos fornecer com clareza se houve ossificação do polo inferior da patela ou se existem anormalidades ósseas na patela, que podem estar associadas à sobrecarga do tendão patelar.

Dr. Marcelo Tostes
Na imagem acima, em uma visão lateral
do joelho de uma ressonância magnética,
observa-se uma área esbranquiçada
que corresponde à área de degeneração e
micro ruptura do tendão patelar.
Dr. Marcelo Tostes
Na imagem acima, observa-se uma ossificação do
polo inferior da patela, que causa traumas contínuos
sob o tendão patelar.
Tratamento

Na fase aguda, impreterivelmente, institui-se os programas de reabilitação, incluindo:

- Modificação ou Adaptação de Atividade, que seria diminuir as atividades que aumentam a pressão femoropatelar (por exemplo, pular, agachar).

- Para os atletas, um programa específico e individualizado com o auxílio do preparador físico.

- Crioterapia, que seria aplicar gelo por 20-30 minutos, 4-6 vezes por dia, especialmente após a atividade.

- Melhoria do alongamento, incluindo (1) os flexores do quadril e joelho (isquiotibiais, gastrocnêmio, iliopsoas, reto femoral, adutores), (2), extensores de quadril e joelho (quadríceps, glúteos), (3) da banda iliotibial, e (4) o retináculo patelar.

- Reforço muscular, fortalecendo usando cadeia cinética fechada e exercício excêntrico (ou seja, a perna única descidas agachamento).

- Avaliação isocinética, detectando possíveis desequilíbrios musculares através da análise do dinamômetro isocinético e tratamento dos mesmos.

- Treinamento proprioceptivo específico, pliometria e retorno programado e assistido ao esporte.

Dr. Marcelo Tostes
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Quando deve ser operado?

Em geral, após falha do tratamento conservador, indica-se o tratamento cirúrgico. Os dois principais procedimentos cirúrgicos incluem a retirada de parte da ossificação por cirurgia de Artroscopia (minimamente invasiva) e tratamento cirúrgico artroscópico da lesão tendínea.

Além dos tratamentos conservadores e da cirurgia, existem outras formas de tratamento?

Embora ainda em estudo, autores relatam sucesso no tratamento da doença com a terapia por ondas de choque. Nesta técnica, uma máquina emite pulsos, semelhantes aos usados nas quebras de cálculos renais, sobre o tendão doente. A partir daí, ocorreriam estímulos à cicatrização da lesão.

A aplicação de plasma rico em plaquetas, o PRP, é um novo procedimento, baseado na injeção de um concentrado de células reparadoras do sangue do próprio paciente. Este concentrado, que é principalmente de plaquetas (daí o nome plasma rico em plaquetas), contém as substâncias que ajudam a reparar tecidos, os “fatores de regeneração tecidual”, nossos fatores de cicatrização e crescimento celular.

Quais são as principais complicações?

A complicação mais comum é a dor persistente durante o esporte. A mais temida é a ruptura espontânea do tendão que, em geral, ocorre após uma contração abrupta do músculo quadríceps, levando a ascensão súbita da patela e incapacitação imediata à deambulação. Esta condição leva à necessidade imediata de reparo cirúrgico.

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